quarta-feira, 19 de maio de 2010

O ATO PSICANALÍTICO

A mente humana é um grande labirinto ainda não percorrido totalmente pela ciência. È uma área que se descobre e se faz descobrir gradualmente. Desbravar o consciente não é uma missão tão complexa, mas ouvir o inconsciente é uma arte; um desafio a ser encarado.

Arte que se operacionaliza com técnicas e metodologias específicas. Que acontece na espontaneidade (livre associação de idéias) e tem como fundamentação a aliança terapêutica (relação existente entre analista e analisando).

No ato psicanalítico, quando se ouve o analisando, é preciso dispensar atenção uniformemente flutuante para o ego em suas variadas formas de manifestações, visando o estabelecimento de relações existentes entre o material produzido nas análises e os antecedentes inconscientes.

Toda a atenção é relevante! Durante o processo, o analisando poderá ter insights ou cometer atos falhos que possam produzir informações que venham esclarecer seu atual quadro clínico. As pontuações, nesse momento, se tornam relevantes, pois levam o analisando a refletir suas respostas, reorganizar suas idéias e encontrar saídas para o problema que o assola. Vale salientar que qualquer intervenção deve levar em consideração a escolha do “momento ótimo”.

Quanto às transferências, no ato psicanalítico, são atitudes, sentimentos e fantasias que emergem do inconsciente e que servem de instrumentos valiosos em detectar traumas, frustrações, castrações ou qualquer outra situação que marcou um determinado período da vida do analisando. Embora indispensável para a cura, no início produz sofrimento.

É salutar também, que o analista tenha muito cuidado em fazer qualquer tipo de interpretação. È recomendável que ele ouça o analisando, cuidadosamente, a fim de juntar todas as peças do quebra-cabeça. Emitir qualquer tipo de juízo precipitadamente, poderá prejudicar completamente o ato psicanalítico.

Já as contratransferências correspondem a um tipo de impacto sofrido pelo analista frente aos afetos do analisando. Aqui todo o cuidado é pouco. Se o analista se identifica ou se deixa envolver com o problema do analisando é preciso ter muito equilíbrio para não ir além do que se pretende. Nesse caso, o analista precisa manter autocontrole, canalizar bem suas energias, se auto-analisar, sublimar e elaborar e resignificar para não prejudicar ou tornar inviável o trabalhar com o paciente.

Um outro fator que se deve levar em consideração no ato psicanalítico são os mecanismos de defesas. Eles forjam ou moqueiam completamente a realidade vivenciada pelo analisando. Negação, projeção, introjeção, repressão, formação reativa, mecanismos secundários, racionalização são apenas dispositivos utilizados pelo analisando a fim de proteger o ego.

Todas as vezes que o indivíduo se sente ameaçado ele passa a se defender para não encarar situações que não venham lhe causar dor, sofrimento. As resistências nunca desaparecem; devem ser persistentemente analisadas até o fim de toda e qualquer análise.

Em suma, o ato psicanalítico é sistemático e dinâmico em sua operacionalização. O olhar do analista sempre deve estar voltado para o Ego, pois o principal papel da psicanálise é mantê-lo equilibrado; fortalece-lo das determinações do id e das proibições do superego. Essa não é uma tarefa muito fácil. Requer do analista muita habilidade no ouvir para fazer pontuações acertadas; atenção nos insights e atos falhos para descobrir novos fatos ou fatos contraditórios; coerência nas interpretações das transferências, para evitar qualquer tipo de juízo precipitado; cautela nas contratransparências, a fim de sublimar , elaborar e resignificar o momento de sua vida que foi evocado mediante contato com o paciente, para que o ato psicanalítico não seja descaracterizado em sua essência.

O Ato psicanalítico nada mais é do que uma maneira eficaz e inteligente que conduz os indivíduos ao encontro de si mesmos.

REFERÊNCIAS

CERQUEIRA. Yvone Matos. Fundamentos de Teoria da Técnica Psicanalítica. SEPHIA, Feira de Santana, 2008.

Um comentário:

Orlando Lopes Carneiro disse...

o sr. e uma pessoa abançoada por
nosso deus, seus conselhos edifica
sossas vidas, abraços orlando